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HISTÓRIAS E MEMÓRIAS

HISTÓRIAS E MEMÓRIAS

Quem já viveu a experiência de ler uma história para uma criança antes de dormir sabe que esse é um instante em que o tempo desacelera. A casa silencia, o dia se despede e, no quarto, abre-se um espaço único, onde imaginação e afeto caminham de mãos dadas.


Esse hábito simples é, muitas vezes, visto apenas como uma forma de embalar o sono. Mas ele é muito mais do que isso. É um convite para a criança descobrir o poder da imaginação. Entre páginas e vozes, surgem florestas encantadas, mares turbulentos, cidades distantes, personagens que sofrem, riem, aprendem. E, nesse contato quase imperceptível, começa a nascer algo profundo, a curiosidade.


A curiosidade, quando alimentada pela leitura, transforma-se em senso crítico. A criança que se encanta com o caminho de Chapeuzinho Vermelho, ou que acompanha e torce por boas escolhas nas aventuras de Pinóquio, poderá refletir, mais tarde, sobre os limites, as decisões e suas consequências. São metáforas e narrativas que, na infância, parecem apenas aventuras, mas que, na adolescência, se revelam como ferramentas de interpretação da vida.


É aí que entra a importância da presença dos pais. Não basta oferecer o livro, a criança precisa da voz, do olhar, do tempo. Porque a leitura compartilhada é também uma lição de convivência. Ela ensina que escutar importa tanto quanto falar, e que as histórias, assim como a vida, se tornam mais valiosas quando compartilhadas.


Quando os pais leem junto, mesmo que já não seja mais uma história de princesas ou dragões, e sim um conto moderno, uma narrativa inventada ou uma crônica cotidiana, se estabelece um espaço de conversa e reflexão.


Ler para uma criança todas as noites é mais do que um ritual, é regar sementes que florescerão em pensamento crítico, criatividade, sensibilidade e, sobretudo, em memórias afetivas. Talvez, no futuro, aquele filho que pediu “só mais uma história” seja o adulto que não apenas leia com prazer, mas que também se permita escutar, refletir e transformar realidades.


No fundo, cada história contada é uma forma de dizer: “Você não está sozinho.” Essas memórias nos acompanham por toda a vida — eu, aos 45 anos, ainda lembro, com um sentimento nostálgico, das leituras de histórias com meu pai.


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