Lições que Dezembro Deixa
- Palavras Mágicas Editora
- 4 de dez.
- 1 min de leitura

Lições que Dezembro Deixa

Dezembro chega sempre com um brilho que parece exagerado, como se as luzes decidissem recordar-nos de tudo o que esquecemos durante o ano. As ruas iluminam-se antes de amanhecer, as vitrines ganham vida e a cidade reencontra um encanto antigo, guardado em silêncio. É curioso como esse mês desperta uma esperança que tantas vezes deixamos adormecer.

Recordo-me dos dias em que trabalhava em um abrigo de acolhimento para crianças. Ali, dezembro tinha um sabor diferente — não apenas pelo sabor do chocolate, mas um sabor de pertencimento. Para muitas daquelas crianças, marcadas por histórias duras, o Natal era uma trégua na dor, mesmo que breve.
Dezembro significava presentes, sim, mas significava sobretudo atenção, afeto, olhos que veem de verdade. A expectativa delas era pura, quase sagrada. Sentiam, por instantes, que o mundo se lembrava delas. E, naquele lugar, o Natal não era só uma data: era recompensa, era ternura devolvida, era a infância recuperada.

Eu observava aqueles sorrisos como quem contempla um milagre. E pensava em como, aqui fora, transformamos dezembro em pressa, em contas, em festas. Para elas, era a oportunidade rara de serem o centro das atenções. Hoje, quando o mês chega, lembro-me do brilho nos olhos que tantas vezes vi. Crianças que descobriam que o mundo podia ser mais gentil, mais atento, mais humano. E penso que talvez devêssemos reaprender isso com elas: celebrar o simples, partilhar o que temos e reconhecer que o Natal nasce primeiro em nosso coração.
Essas são as Lições que Dezembro Deixa
Escrito por: Jane Cipriani





Comentários